Eu odeio o novo normal tanto quanto odeio o velho normal porque eles são absolutamente a mesma coisa. Porque normal não quer dizer necessariamente bom, saudável, pode querer dizer apenas que uma grande quantidade de pessoas estava roboticamente submetidas, acostumadas a um estado de coisas sem nenhum senso crítico, mesmo que ao fim isso estivesse lhe custando toda sanidade.
Fico alarmada em escutar as pessoas querendo voltar ao normal, quando deveriam estar olhando tudo o que está acontecendo como uma bela oportunidade de despertar - rever seus valores, suas escolhas, sua vida.
Antes do “novo normal”, dados da OMS já denunciavam uma pandemia bem mais silenciosa do que a que estamos vivendo agora. Uma pandemia de suicídio, de depressão, de ansiedade. Já estávamos na casa de 322 milhões de pessoas no mundo sofrendo de Depressão; 264 milhões de pessoas no mundo sofrendo de Ansiedade. O Suicídio já tinha ocupado o lugar da maior causa de morte – 800 mil pessoas por ano – um a cada 40 segundos. No Brasil os números registravam 32 pessoas por dia. E eu pergunto: é pra este normal que queremos voltar?
O que como sociedade podemos aprender de útil para nossa evolução como espécie com essa dolorosa experiência? Como podemos cuidar melhor do bem comum? Como cuidar da nossa casa Gaia? Como trataremos os oportunistas? Como podemos cuidar melhor uns dos outros?
Essa situação toda me faz lembra o mito da caverna de Platão. Muitos agem como aqueles que tendo a oportunidade de sair da caverna e encontrar a luz do sol, preferem viver acorrentados à ilusão das sombras do que fazer o difícil caminho de subida até a superfície.
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